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Pão-de-Ló

Desfaz-se na boca num rendilhado etéreo. Leve como o ar, quase se volatiliza, espécie de véu que respira entre gemas e açúcar, um pouco de farinha em chuva e nuvens de claras em neve, no caso de algumas receitas. Claro, é o nosso pão-de-ló, hoje marca da doçaria nacional, mas que na origem tem pouco de português. De bolo judaico a adaptação de um cozinheiro francês, com múltiplas variantes regionais nascidas em diferentes conventos, certo é que na sua base há uma semântica espiritual. E sim, é uma bênção dos céus.

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Vinho e pão-de-ló de Margaride

O pão-de-ló, ou pão leve de Margaride, é tão simples e ao mesmo tempo tão único. Nasce daquela combinação de pouquíssimos ingredientes, ambiente e genialidade humana. Segundo o Frei Domingos Vieira, no dicionário português de 1873, o ló “é uma tela mui fina e rara”, que torna o ar sólido, para depois sublimar-se na boca. Que vinho harmonizaremos sem penalizar a leveza diáfana deste clássico da doçaria portuguesa?

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Leonor de Sousa Bastos - doce poesia

Para recriar de forma inédita esta receita histórica, escolhemos alguém especial à altura deste desafio: Leonor de Sousa Bastos, que deixou tudo pelo amor à arte de criar doces. Com perícia, tempo e coração, reproduziu a fórmula de “pao de llo” do século XVI que consta do primeiro manuscrito de cozinha portuguesa. O seu blogue, Flagrante Delícia, é pura poesia e uma perdição para os olhos e a gula. Aliás, mergulha-se nos olhos de Leonor como quem cai numa nuvem de açúcar em pó. Talvez por isso mesmo a arte de criar doces bata a compasso com as palavras. A literatura, tal como a doçaria, consta dos seus amores primeiros.

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Páscoa sem carne…nem peixe

A época Pascal carrega diversos simbolismos religiosos e representa, para muitos, uma quadra de privações a nível gastronómico.