Comer
Harmonização: Sal e vinho
Sou viciado em sal. Mais até do que deveria. Mas há sais e sais, e quando confesso o meu apreço desmedido por ele, refiro-me ao sal marinho integral, artesanal, ou melhor ainda, ao mar cristalizado na flor de sal. Desde que provei pela primeira vez, há muitos anos, no Brasil, um sal artesanal de Guérande quase molhado, mas ainda voluptuosamente crocante, cinza esverdeado pela presença de algas e krill, fiquei maravilhado para sempre pela diferença brutal entre aquela preciosidade francesa e o veneno branco industrial que costumávamos usar no dia-a-dia. Na minha vida nova em Portugal, era inevitável então que me apaixonasse pelo sal de Tavira, nossa única DOP, mas incontestavelmente entre os melhores sais do mundo. E os romanos já sabiam disso.