{ Aromas de pêssego, limão, maracujá, líchia, maçã, casca de laranja, jasmim e flor de laranjeira }
É a principal estrela do Minho, uma das grandes castas portuguesas, celebridade incontestada das castas brancas portuguesas… apesar de a sua paternidade ser reclamada, com igual veemência, por minhotos e galegos. É uma casta antiga, com referências gravadas desde o século XVIII, uma casta do noroeste peninsular que dá origem a vinhos únicos e facilmente identificáveis, vinhos de personalidade e temperamento forte.
É uma casta vigorosa, que obriga a alguma prudência no controlo do ímpeto vegetal, mas também uma casta naturalmente pouco produtiva, que proporciona cachos pequenos e uma proporção elevada de grainhas. Curiosamente, é também uma casta geneticamente instável, com uma tendência inexplicável para consumar uma mutação de pigmentação, com bagos rosados, que explicam a cor levemente corada de alguns vinhos Alvarinho. Historicamente, é uma das raras castas portuguesas que sempre, ou quase sempre, foi engarrafada isolada, descartando a necessidade do lote. A rara excepção à regra é consubstanciada nos lotes tradicionais de Monção, com uma ligação íntima com a casta Trajadura.
O Alvarinho proporciona vinhos de elevado potencial alcoólico, muito acima dos padrões tradicionais da região. É uma casta extraordinariamente aromática e perfumada, distinta e delicada, que acomoda aromas tão variados como o marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá, lichia, maçã, casca de laranja, jasmim, flor de laranjeira, erva-cidreira e avelã. Tem também uma capacidade de envelhecimento extraordinária, conseguindo viver em perfeita harmonia e saúde, até, pelo menos, aos dez anos de idade. Apesar da enorme plasticidade que lhe permite conviver bem com a fermentação em madeira, são raros os exemplos onde os ganhos são superiores à inevitável perda da pureza da fruta.
Mineral, floral ou frutada, a casta Alvarinho é seguramente um dos maiores tesouros de Portugal. Por ora, as suas fronteiras ainda estão demarcadas no Minho, na sub-região de Monção, mas a sua expansão para as demais regiões portuguesas é inevitável. Por todo o país, com o Alentejo destacado à cabeça, experimenta-se a casta Alvarinho, por vezes em locais improváveis e, aparentemente, pouco recomendáveis. O futuro a curto prazo irá encarregar-se de mostrar os frutos desta verdadeira “Alvarinho-mania“!