É artesanal mas também é industrial; é vendida em Portugal mas também vai estar no mercado internacional; nasceu há pouco mas já tem experiência. Eis a Almbeer, a nova cerveja artesanal e industrial nascida no Porto e apresentada há semanas. Mostra-se ao mundo como um projeto sólido, bem definido e com ambições largas. Conversámos com Ricardo Fontes, gestor de produto, que nos falou do nascimento desta cerveja.
Nascida do grupo FMO, com áreas de trabalho tão distintas como o alojamento local, o setor imobiliário ou a restauração, a Almbeer nasceu em 2019, no Porto, e foi apresentada em maio último. Ao contrário da esmagadora maioria das cervejas artesanais, esta chega com uma estratégia bifurcada, com um pé na artesanalidade e outro no mercado industrial. “A Almbeer tem duas componentes. A artesanal segue para o mercado português, até pelas características do produto: o processo produtivo, a validade e a embalagem desaconselham a exportação. Já a industrial, embalada em garrafas de 25 cl. de tara perdida, tem como mercados-alvo todos os países consumidores de cerveja com temperaturas médias a rondar 20ºC” explica Ricardo Fontes. O bom desenho da estratégia da Almbeer vem sobretudo da experiência acumulada de duas décadas de Ricardo, dedicadas precisamente à cerveja. “Iniciei esta viagem na Unicer, atual Super Bock Group, onde estive 14 anos. A paragem seguinte foi Cabo Verde. Liderei a fábrica local da Coca-Cola e Cerveja”, recorda Fontes, que trouxe desses dois pontos profissionais uma visão global do setor.
A Almbeer parte então com essa experiência e essa visão de negócio e no portefólio, para já, tem para oferecer uma Lager. “Trata-se do tipo de cerveja que representa a maior fatia de consumo a nível mundial” justifica Ricardo Fontes que descreve a Almbeer Lager como uma cerveja de consumo muito fácil, com um teor alcoólico mais baixo do que o comum (4,5%). Trata-se de uma cerveja com “drinkabilidade” - isto é, muito capaz de seduzir mesmo os mais afastados do mundo das cervejas artesanais – com um estilo leve, jovem e um amargor quase impercetível. Uma cerveja todo-terreno pela promessa de acompanhar todas as refeições e capaz de gerar uma repetibilidade de consumo. Para já, esta é a oferta única do portefólio da Almbeer e vai servir como ponta-de-lança da marca. “O objetivo é criarmos notoriedade, passarmos uma ideia de cerveja de qualidade, com um design diferenciador, entre o tradicional e o moderno, e de consumo fácil”, descreve Ricardo Fontes, que prevê alargar o portefólio depois desta fase. Na calha estarão uma cerveja preta, de tipo Stout, e uma de maior teor alcoólico.
Onde beber Almbeer
No bolso, a Almbeer segue então caminho com a sua Lager que está gradualmente a disseminar-se pelo país. Grande Lisboa, Alto Alentejo e centro do país tem um trabalho bem desenvolvido e a cerveja nascida no Porto pode já ser encontrada em vários pontos de venda. Seguem-se outras três regiões do país: Grande Porto, Minho e Algarve. A par disso, estão a finalizar acordos com as cadeias de distribuição moderna que permitirá à marca chegar com alguma rapidez ao grande público. Nos últimos meses, e à semelhança do que aconteceu com milhares de marcas pelo mundo inteiro, foi feita uma aposta musculada na venda online. “Porque já era uma estratégia nossa e porque o COVID acelerou e tornou ainda mais necessária essa resposta, começamos a vender no mercado digital que é a forma mais rápida dos consumidores provarem a nossa cerveja”, refere Ricardo Fontes. Para já são duas as plataformas de venda onde a Almbeer está presente: a Dott (em www.dott.pt) e a MercaChefe (www.mercachefe.pt). No Grande Porto, e porque os restaurantes Porto dos Sabores e D’Avenida são do mesmo grupo da cerveja, esta já pode ser lá provada e comprada. E por falar em comprar, a estratégia da Almbeer tem algumas particularidades e reflete a experiência de Ricardo Fontes no domínio das cervejas industriais. “Somos da opinião que este é um mercado específico que tem de ser trabalhado de uma de duas formas: ou com um preço baixo e volume ou com uma grande diferenciação e altas rentabilidades por unidade vendida”, explica o gestor, que diz ter dificuldade em “encontrar no mercado marcas de cervejas artesanais que tenham uma presença global e que dificilmente deixarão de ser cervejas locais ou regionais por falta de competitividade”.
Um duopólio e ainda algum espaço de mercado
Às cervejas artesanais questiona-se quase sempre se vêm para conquistar uma pequena fatia de mercado ao duopólio Sagres – Super Bock. “São marcas com história, nome e associadas a dois grupos internacionais altamente poderosos, institucional e financeiramente (a Heineken e a Carlsberg, respetivamente). É um fator limitador da entrada de novos jogadores no mercado. Mas ainda assim há espaço para alguns conceitos. Por um lado, as marcas de cerveja da distribuição moderna a preços muitos competitivos para carteiras mais vazias e, por outro, as cervejas artesanais, com preços mais elevados e para um segmento de marcado mais jovem e experimentalista”, refere Ricardo Fontes, que acredita que ambos os conceitos vão crescer apesar de não acreditar em conquista de quotas de mercado muito significativas.
A Almbeer está pronta para enfrentar o mercado ainda que tenha tido um lançamento num dos mais críticos períodos dos últimos anos. “O projeto iniciou-se em 2019 e a divulgação da marca começou em maio. A data de lançamento foi definida ainda antes da pandemia mundial e o lançamento manteve a data mas adaptou-se. Apostaram sobretudo nos suportes digitais. O plano teve de ser redefinido e a estratégia de internacionalização segue daqui a alguns meses.
Cerveja Almbeer
Praça Bom Sucesso, 61
Salas 501 e 502
4150-146 Porto
W. www.almbeer.com
E. geral@almbeer.com