A mais representativa das castas portuguesas, que hasteia bem alto a valia das castas do país nos mercados internacionais, diz-se oriunda do norte de Portugal, nomeadamente do Dão, onde teria a designação Preto Mortágua ou Tourigo. Do Dão, onde é responsável pela produção de vinhos de imensa finura e elegância, e do Douro, que se encarrega de fazer valer os seus taninos delicados, a casta passou rapidamente a ter representatividade nacional, fazendo jus ao seu nome.
Conta hoje com 13.000 hectares, ou seja, 7% do encepamento total, sendo a terceira casta mais plantada do país, ombro a ombro com a Touriga Franca. Mas já é possível encontrá-la dispersa pelo (velho e novo) mundo vitícola.
Sendo uma casta de maturação tardia, é das últimas a ser vindimada. Com boa produtividade na vinha e regular de ano para ano, adapta-se a todos os tipos de solo, pedindo apenas muitas horas de sol e disponibilidade hídrica. Mesmo assim, garante bons níveis de acidez e frescura, percetível aromaticamente pelos seus tons florais característicos, mas também pelas notas de frutos silvestres e até herbáceas, de cor e complexidade inusitadas.
Como casta rainha, origina vinhos de enorme qualidade, a solo ou em lote, oferece excelente potencial de envelhecimento, em madeira (onde mostra a sua personalidade forte e acrescenta tanino) e na garrafa. É, naturalmente, uma variedade que transporta os vinhos portugueses pelo mundo fora, confere notoriedade e qualidade garantida. Mereceria ser “portuguesa” na designação?
DICAS:
1 – Não sendo uma casta que transmita potência, a Touriga Nacional ‘deixa-se’ ser trabalhada de diversas formas: por um lado, mantendo o perfil aromático típico, delicado e floral, que pode ir além da violeta. Quem pretenda acrescentar tanino e dimensão à casta, encontra na utilização da madeira, com diferentes anos e níveis de porosidade e de tosta, parceiro dócil e competente.
2 – É, por isso, possível descortinar uma imensa variabilidade regional no tratamento da casta. Apesar da sua ampla adaptabilidade, as Tourigas não são todas iguais. No Douro, mais tanino, concentração e fruta; no Dão, elegância, finura e aromas do bosque; no Alentejo, maciez no corpo e bom volume de boca; em Setúbal, frutos vermelhos e pretos, compota, tanino macio. E já a vemos plantada por esse mundo fora.
3 – Em Bordéus, é casta autorizada, sendo que o ciclo de maturação tardia da Touriga Nacional indica uma exposição reduzida às geadas da primavera e às maturações do verão, quando as temperaturas mais altas podem afetar o sabor e a qualidade do tanino e elevar os níveis de álcool. Na África do Sul, integra os lotes de Port Wine Style; na Austrália, dá origem a vários monovarietais. Espanha, Califórnia e Brasil são outros locais onde pode ser encontrada.
4 – As possíveis sugestões de prova da casta em diversas modalidades (tintos, espumantes, rosés) são infindas. Um bom exemplo são os vinhos constantes na prova temática que pode consultar mais à frente nesta edição. Boas provas!