Cabrito com Vinho do Porto? Por que não?

Chefe João Cura

Fotografia: Fotos D.R.
Luís Alves

Luís Alves

Na Páscoa, com pão-de-ló, no Natal para acompanhar as sobremesas mais doces. Eis as harmonizações mais clássicas do Vinho do Porto que o setor está apostado em descontruir. Mostramos-lhe três pratos que são muito bem capazes de se "aguentarem" com um bom Vinho do Porto para surpreender os amigos no próximo jantar.

 

O Vinho do Porto está apostado em destruir mitos que se foram criando ao longo das últimas décadas. Para isso, as harmonizações "Sabor a Porto", promovidas e organizadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), têm sido um ponto central nesta estratégia, englobada no Port Wine Day. O chefe João Cura, do restaurante Almeja, no Porto, dá uma ajuda na confeção de três pratos que se mostraram muito capazes de serem acompanhados por três Vinhos do Porto distintos.

 

Prato: Cabrito com arroz Carolino do Mondego e seus miúdos

Vinho: Quinta do Noval LBV 2013 Port Unfiltered

Aqui a tradição é rainha. Em Portugal, o cabrito é um clássico e mostra muita da tradição e cultura nacionais. O arroz carolino tem a versatilidade necessária e os "miúdos" do animal compõem o ramalhete. Do lado do vinho, este Late Bottle Vintage (LBV) tem argumentos de força: frescura, cor, jovialidade e um tanino a condizer. Fica uma nota gastronómica importante: não exagerar nos condimentos do cabrito. Em excesso, vão potenciar o álcool do vinho, o que não será agradável.
 


 

Prato: Tosta de cabeça de Xara, escabeche e maçã

Vinho: Offley Clink White Porto

 

Se na receita de cabrito do chefe João Cura encontravamos uma tradição transversal ao país, aqui temos algo que é igualmente tradicional mas com um sentido geográfico mais localizado. É até provável que muitos nunca tenham provado este prato. A cabeça de Xara vem do Alentejo (das mãos da Dona Otávia, da Salsicharia Canense) e vem também do aproveitamento gastronómica que o receituário português tão bem faz. Trata-se de partes de cabeça do porco devidamente cozidos. Nesta receita particular do chefe, apresenta-se sobre uma tosta com escabeche e maçã. O vinho sugerido é o Offley Clink White Porto, capaz de ombrear com a exigência do prato, sobretudo no capítulo da acidez.

 


Prato: Doce de leite, milho, mole e iogurte

Vinho: Vieira de Sousa 10 Anos Tawny Porto

 

 

Para o final fica uma sobremesa que o chefe João Cura gosta de considerar como sendo apenas mais um prato. A diversidade enorme de sabores, texturas e até de temperaturas podem surpreender os amigos e complicar as contas a quem tem a responsabilidade de fazer a harmonização. No entanto, o vinho que é chamado aos trabalhos vem dar uma ajuda considerável. Um tawny, devidamente envelhecido em contacto com a madeira, traz ao de cima as notas de doçura que muitas vezes são apreciadas neste último momento da refeição.

 

Ficam as dicas gerais para o jantar entre amigos correr pelo melhor:

  • Pratos leves, vinhos leves;
  • Essencial respeitar as temperaturas de serviço;
  • Melhor sítio para guardar uma garrafa de Porto? A porta do frigorífico.