No dia 8 de novembro, a Global Kitchen in Porto realizou o quinto e último evento desta edição, que culminou com um jantar no Museu Nacional Soares dos Reis.
As protagonistas foram as chefes Rafaela Louzada e Joe Barrett, que se juntaram para materializar a cultura portuense e australiana em sete grandes pratos pensados para esta “Noite no Museu”, como as próprias denominaram.
Jo Barrett foi eleita “Chef do Ano de 2024” pelo The Age GoodFood Guide e destacada como “Hospitality Pioneer” pelos World’s 50 Next (50 Best). Além disso, representou a Austrália no Campeonato Mundial de Pastelaria e trabalhou como chefe executiva no premiado restaurante Oakridge Winery, em Victoria.
Recentemente, lançou a marca Wildpie, que cria tartes artesanais utilizando caça selvagem australiana e espécies invasoras. A chefe trouxe esta prática até ao Porto e aplicou-a no jantar, onde produtos como javali e veado constituíram os pratos principais, a par do peixe Lúcio-Perca, espécie invasora do ecossistema português e grande predador do rio Douro.
Por sua vez, Rafaela Louzada, formada na primeira edição do curso de Gastronomia da Faculdade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, é uma das personalidades emergentes da cena gastronómica do Porto. Inaugurou o restaurante Gruta, em 2020, onde conquistou o prémio Bib Gourmand do Guia Michelin em 2023 e 2024. Atualmente integra o Time Out Market Porto.
Em destaque neste jantar esteve a utilização de produtos inusitados, que trouxeram uma reflexão: a gastronomia pode ser um meio para equilibrar o ecossistema através da utilização de espécies invasoras.
À semelhança das edições anteriores, foram ainda organizadas outras atividades na Cozinha do Bolhão ao longo do dia 9 de novembro, como um workshop de kofta de veado com ervas nativas da Austrália, conversas e uma degustação de um prato doce elaborado pelas duas chefes.
Sobre a Global Kitchen in Porto, Catarina Santos Cunha, vereadora do Pelouro do Turismo e da Internacionalização, explica que tudo começou com o desafio do Vietname de trazer um chefe do país para cozinhar no Porto. Com o mote de aliar a cultura à gastronomia, foram convidados chefes de cada um dos cinco continentes para cozinhar em conjunto com um chefe cujo restaurante está localizado a um quilómetro (mais ou menos) do Mercado do Bolhão.
“Juntamos o Mercado do Bolhão porque queríamos que fosse a matéria-prima, a base para a escolha e aquisição dos ingredientes, e para mostrar que somos uma cidade cada vez mais cosmopolita, com várias gastronomias”, sublinha a vereadora.
Vietname, Espanha, Peru, Gana e Austrália foram os países presentes em representação da Ásia, Europa, América, África e Oceania. A seleção foi feita pelo jornalista de gastronomia Rafael Tonon, que destaca o critério de escolher chefes que estão a conquistar o cenário gastronómico de cada país. “A ideia foi convidar chefes emergentes, não queríamos trazer os que já são conhecidos”, explica Tonon.
Nas edições anteriores estiveram presentes Rui Martins com Luke Nguyen, Aurora Goy com Lucía Freitas, Rita Magro com Juan Luis Martínez e Vasco Coelho Santos com Fatmata Binta.
Catarina Santos Cunha acrescenta que “a Global Kitchen veio ajudar e trazer visibilidade a esta área estratégica para a cidade em termos de turismo, que é a gastronomia, e pode-se dizer que já deu alguns frutos”, referindo-se ao prémio de Melhor Destino Gastronómico Emergente da Europa, atribuído à cidade do Porto pelos World Culinary Awards.
O próximo ano vai trazer novidades deste projeto.