PROMO
Situar as Astúrias. Sim, a sua cultura da sidra foi reconhecida como Património Mundial pela UNESCO em dezembro passado - o que seria suficiente para mais do que um artigo - mas queremos concentrar-nos nos vinhos. Sim, porque Astúrias é também uma terra de vinhos.
Localiza-se na sua zona sudoeste. Para caracterizá-la como uma das grandes reservas naturais de Espanha: uma zona que, na sua maior parte, foi declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO. Aqui está Muniellos, a floresta de carvalhos mais bem preservada da Europa e onde se encontra a principal população de ursos pardos da Europa Ocidental, a saber: Parque Natural de Somiedo, Teverga e Parque Natural de las Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias.
O Vinho de Cangas - hoje com DOP – foi multipremiado internacionalmente e o seu cultivo foi em grande parte prejudicado pelas duras condições da sua colheita – viticultura heroica - e pelas novas oportunidades económicas da zona ao longo do século XX. Acolhida em adegas caseiras que mantiveram a cultura e as castas da zona, é hoje um dos locais de eleição para os amantes do vinho enraizado em espaços naturais de grande qualidade ambiental. Desde a obtenção da DOP, tudo foi melhorado e reconhecido, paralelamente à descoberta desta “última fronteira” para os turistas que procuram e encontram a autenticidade. De salientar que ainda se mantém o costume - nas adegas caseiras - de partilhar o vinho bebendo do mesmo recipiente (cacho).
Talvez ainda seja um pouco desconhecida no vasto panorama vitivinícola espanhol, tanto pela pequena quantidade de uvas processadas nesta zona como pelo número de adegas existentes. Mas é importante saber que os concelhos do sudoeste asturiano estão ligados ao vinho há mais de dez séculos.
O vinho de Cangas recebeu numerosos prémios ao longo da sua história e vive agora um momento de esplendor, com uma profissionalização e um cuidado das vinhas que não era aplicado da mesma forma há décadas atrás, quando prevalecia o consumo caseiro e local. Longe vão os tempos em que havia seis mil hectares na zona, hoje são muito menos, mas há um caminho cheio de oportunidades e sucessos pela frente.
Porquê? Porque tem bons trunfos em mãos, pois possui castas autóctones, como a branca Albarín (não confundir com Albariño, pois as suas caraterísticas são muito diferentes) e as tintas Carrasquín, Albarín negro e Verdejo negro. Se a isto juntarmos as alterações que o clima está a sofrer, já solarengo nestes concelhos, a uva obtém um grau de maturação ideal de forma natural. Atualmente, existem cerca de dez adegas nas Astúrias, situadas nos concelhos de Cangas del Narcea, Degaña, Ibias e Siero. Novos projetos estão a caminho, confirmando que as vinhas asturianas são atrativas e oferecerão vinhos de grande qualidade nos próximos anos.
O enoturismo é uma tendência inegável, e as Astúrias são cada vez mais permeáveis a este fenómeno. Aqui não se encontram grandes edifícios nem milhares de barris adormecidos. As adegas asturianas são pequenas, artesanais, ou mesmo familiares. O relevo acidentado da região é uma grande surpresa para o visitante, que também fica muitas vezes impressionado com a originalidade dos vinhos. É possível passear pelas vinhas, conhecer o processo de vinificação, descobrir as castas locais, ver os barris e até provar os vinhos das diferentes adegas.